Os habitantes da Terra entraram
novamente no "cheque especial" em termos de "dívida ecológica", depois
de terem esgotado em apenas oito meses o equivalente aos recursos
naturais que o planeta pode produzir em um ano sem comprometer sua
reposição, anunciou a Global Footprint Network.
A ONG calcula todos os anos o dia em que o consumo da humanidade de
recursos naturais - alimentos, matérias-primas, absorção de dejetos e de
CO2 - ultrapassa o que a natureza pode gerar em um ano sem reduzir seu
capital.

Isso já aconteceu antes em meados de novembro dos anos 1980, em outubro
nos anos 1990, em setembro nos anos 2000. Esta data simbólica e
aproximada, que em 2012 aconteceu em 23 de agosto, é antecipada um pouco a cada ano. Isso demonstra um claro sinal, segundo a ONU, do nível de vida cada vez menos sustentável dos habitantes da Terra, cada vez mais numerosos.
Dívida de um planeta e meio
Durante algum tempo, a Terra conseguiu suprir as necessidades
dos homens sem se esgotar, mas o "limite crítico" foi atingido nos anos
1970 com a elevação do consumo e da população, recordou a Global Footprint Network, criada em 2003. E nossa "dívida ecológica" só fez crescer desde então.
DEVEDORES ECOLÓGICOS
País | Dívida |
Japão | 7,1 |
Catar | 5,7 |
Suíça | 4,2 |
Itália | 4 |
Reino Unido | 3,5 |
Grécia | 3,1 |
China | 2,5 |
Egito | 2,4 |
Planeta Terra | 1,5 |
Estados Unidos | 1,9 |
Índia | 1,8 |
França | 1,6 |
- Fonte: Global Footprint Network
Ao ponto em que hoje precisamos de
"um planeta e meio" para responder de forma duradoura às necessidades
dos habitantes da Terra durante um ano, enfatizou, por sua parte, a WWF,
associada à operação.
De acordo com a ONG, os devedores ecológicos utilizam mais do que eles possuem. Isso significa que, se
os habitantes do Japão só consumissem os recursos produzidos dentro do
país, no ritmo atual eles precisariam dispor de 7,1 Japões. Em outras palavras, sua pegada ecológica é 7,1 vezes maior do que sua biocapacidade.
Se cada pessoa no mundo vivesse como um habitante médio dos Estados Unidos, seriam necessárias quatro Terras.
Se cada habitante do planeta adotasse o nível de vida de um chinês, a
cifra diminuiria, mas apenas um planeta ainda não seria suficiente - e
sim 1,2 Terra.
"Hoje em dia, mais de 80% da população mundial nos países usam mais recursos que seus próprios ecossistemas podem renovar",
advertiram as associações. "Globalmente, estamos numa trajetória na
qual precisaremos dos recursos de dois planetas muito antes de meados do
século 21."
Esta "dívida ecológica" crescente é,
à semelhança da dívida financeira dos países, dificilmente sustentável
por mais tempo, afirmou Alessandro Galli, diretor regional da Global
Footprint Network para África do Norte e Oriente Médio.
"Os deficits ecológico e financeiro
são as duas faces de uma mesma moeda. Em longo prazo, os países não
podem enfrentar um deles sem se interessar pelo outro", afirma
comunicado.
UOL com AFP
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