Este é um fenômeno extremamente raro que ocorre quando existe uma grave
falha durante a gravidez e o feto começa um processo de calcificação.
De acordo com o Dra. Natalie Burger, endocrinologista e especialista em
fertilidade do Texas Fertility Center, tudo começa quando o óvulo
fertilizado fica preso em seu caminho para o útero, então, ele se
desenvolve fora dele.
“Normalmente, uma gravidez ectópica vai significar a ocorrência de uma
gravidez tubária, mas em poucos casos a gravidez realmente ocorre dentro
da cavidade abdominal – por exemplo, no meio do intestino, ovário ou
até mesmo na aorta. Estes últimos casos são muito mais raros, e podem
ser perigosos”.
Quando uma gravidez fora do útero ocorre, em geral, os médicos costumam
orientar que as pacientes interrompam a gravidez, pelo grande risco que
elas correm. Muitos fetos não chegam ao desenvolvimento completo e
morrem por falta de suprimento de sangue.
Em outros casos, o feto se desenvolve até um certo tamanho, e se torna
grande demais para ser absorvido pelo próprio organismo. O feto e a
bolsa amniótica começam a, lentamente, se calcificarem, transformando-se
em uma verdadeira pedra. Isso ocorre porque o organismo quer proteger o
corpo da mulher de uma infecção provocada pelo apodrecimento na
decomposição. Como o corpo da mãe não reconhece aquela massa endurecida
como “estrangeira”, complicações não ocorrem e ele pode, basicamente,
ficar no local depositado por toda a vida.
Bebês de pedra são extremamente raros e existem até mitologia em torno
deles. Um artigo publicado em 1996 no Journal of the Royal Society of
Medicine, mostrou que apenas 290 casos de litopédio foram documentados
pela literatura médica mundial. Aparentemente, o primeiro caso ocorreu
em com uma mulher francesa chamada Madama Colombe Chatri, de 68 anos. O
fato só foi descoberto após sua morte em 1582 quando os médicos
realizaram uma autópsia. Ela sentia fortes dores e seu abdômen era duro.
Ela carregava um bebê de pedra por mais de 28 anos.
A duração média de uma “gravidez de pedra” é de 22 anos e o caso da
chinesa Huang Yijun foi um marco porque ela ultrapassou os 50 anos de
gestação.
A médica foi questionada: Como uma mulher pode carregar um bebê de pedra
por décadas e não perceber que algo está errado? A Dra. Natalie Burger
respondeu que as mulheres simplesmente pensam que perderam a gravidez e
não pensam que algo tão raro pode ter ocorrido.
Em muitos casos, a falta de dinheiro e de recursos de saúde pública em
alguns países, faz com que as pessoas não procurem ajuda médica pelos
enormes custos financeiros.
Huang Yijun disse que os médicos informaram em 1948 que ela tinha um
bebê de pedra, mas ela simplesmente ignorou os avisos porque não tinha
dinheiro para fazer uma cirurgia de retirada.
Litopédios podem pesar até 9 kg e podem provocar obstrução intestinal, abscesso pélvico e problemas em uma nova gravidez.
A autópsia de Madame Chatri em 1582 tornou-se um best-seller instantâneo
entre os médicos da época e o bebê calcificado foi vendido a um
comerciante muito rico na França. Ele colocou o feto em exposição em um
museu de curiosidades em Paris.
O feto fossilizado foi vendido várias vezes, até ser adquiro finalmente
por um rei que o colocou no Museu Real da Dinamarca em 1653. Duzentos
anos depois, o museu foi extinto e transferiu o feto para o Museu de
História Natural da Dinarmarca.
Após décadas, o bebê desapareceu e nunca mais foi encontrado.
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