Pesquisa descobriu que altos níveis de cortisol elevam em até catorze vezes chance de adolescentes apresentarem a doença
Depressão: Níveis do 'hormônio do stress' podem acusar doença
(Thinkstock)
O diagnóstico de depressão é feito somente com base nos sintomas
clínicos de um paciente, que incluem tristeza na maior parte do dia e
problemas relacionados ao sono e ao peso. Não existe um marcador
biológico para a doença, isto é, alguma substância presente no organismo
cuja medida detecte a condição.
Uma nova pesquisa britânica pode mudar esse quadro. Ela descobriu que
altos níveis do cortisol, hormônio relacionado ao stress, podem indicar
um risco grande de uma pessoa ter depressão. Segundo o estudo, uma alta
concentração do hormônio somada a um conjunto de sintomas depressivos
eleva o risco de um adolescente sofrer depressão em até catorze vezes em
comparação com quem não apresenta nenhuma dessas características. "Esse
novo marcador biológico sugere que nós poderemos oferecer uma abordagem
mais personalizada para tratar um alto risco de depressão", diz Matthew
Ownes, professor e pesquisador da Universidade de Cambridge, na
Grã-Bretanha, e um dos autores do estudo.
Participaram da pesquisa cerca de 1 800 adolescentes de 12 a 19 anos.
Eles tiveram amostras de saliva recolhidas de três dias a uma semana
para que os pesquisadores analisassem seus níveis de cortisol. Ao longo
de um ano, esses participantes relataram se estavam sentindo algum
sintoma associado à depressão.
Sintomas — Os adolescentes, então, foram divididos
em quatro categorias de acordo com seus níveis de cortisol e com o
número de sintomas depressivos que apresentavam. O primeiro grupo era
formado por aqueles com níveis normais do hormônio e a menor quantidade
de sintomas associados ao transtorno. Já no quarto grupo estavam os
participantes com os maiores níveis de cortisol e que apresentavam mais
sintomas depressivos.
De acordo com os resultados, o risco de os meninos serem
diagnosticados com depressão ao longo de um a três anos foi catorze
vezes maior entre aqueles do quarto grupo em comparação com os do
primeiro. Entre as meninas, a probabilidade da doença foi quatro vezes
superior entre as do grupo quatro. Essas conclusões foram publicadas
nesta segunda-feira na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
"O progresso na identificação de marcadores biológicos para a
depressão tem sido frustrantemente lento, mas agora nós finalmente temos
um biomarcador para a doença. A abordagem da nova pesquisa ainda pode
render outros marcadores biológicos e também dá pistas interessantes
sobre as diferenças de gênero relacionadas à depressão", diz John
Willians, chefe de neurociência e saúde mental da Wellcome Trust,
fundação destinada à pesquisa na área da saúde humana e dos animais que
financiou o novo estudo.
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