No dia 1º de novembro de 2013, o caixa de uma casa de shows Thiago
Matos voltava de moto do trabalho quando sofreu um grave acidente. Ele
ficou quase um mês internado no hospital e passou 19 dias em coma.
Quando saiu do coma, Thiago tinha perdido a memória, não reconhecia
parte das pessoas – como a própria irmã e a avó –, mas não havia se
esquecido do vício de fumar.
“Perdi a memória com o acidente. Lembro bem que eu pedia cigarro para
todo mundo, depois que saí do coma. Não sabia o nome das pessoas, mas
pedia cigarro”, conta o jovem morador de Campo Grande, capital de Mato
Grosso do Sul.
Evidentemente, ninguém deu nenhum cigarro para Thiago. E o mês de
abstinência compulsória o ajudou a abandonar o vício. Já faz cinco meses
que ele não fuma.
Perdi a memória com o acidente. Não sabia o nome das pessoas, mas pedia cigarro"
Thiago Matos
O caixa, que hoje tem 24 anos de idade, começou a fumar muito jovem,
por volta dos 10 anos. O vício começou do hábito de acender cigarros no
fogão para a mãe e para a avó. “Eu não culpo minha mãe, nem minha avó, o
errado fui eu. (...) Elas não deixavam, falavam para eu não fumar, mas
quando vi, já estava fumando.”
Durante o período em que esteve internado, Thiago teve pneumonia e
precisou ser submetido a uma traqueostomia. “Os médicos disseram que meu
pulmão estava muito sujo de nicotina. Por pouco não morri. (...) Peguei
pavor de acontecer de novo isso, de furar minha garganta. Nunca mais
quero saber de cigarro, não quero nem sentir o cheiro”, diz.
Antes de parar de fumar, ele consumia cerca de dois maços de cigarro
por dia. Thiago diz que o primeiro mês foi o mais sofrido, mas que agora
já lida melhor com a situação. Ao voltar do hospital, ele jogou fora um
pacote de cigarros que tinha guardado em casa. “Espero nunca cair em
tentação.”
Jorge Romão comemora a vitória de não colocar
um cigarro na boca há 30 anos (Foto: Arquivo
pessoal/Jorge Romão)
um cigarro na boca há 30 anos (Foto: Arquivo
pessoal/Jorge Romão)
30 anos sem cigarro
A fase da tentação já foi superada pelo motorista de táxi Jorge Romão, de Navegantes, em Santa Catarina, que não coloca um cigarro na boca há 30 anos. Assim como Thiago, ele começou a fumar bastante jovem, com 12 anos, e manteve o vício até os 28 anos, quando consumia cerca de três maços por dia.
A fase da tentação já foi superada pelo motorista de táxi Jorge Romão, de Navegantes, em Santa Catarina, que não coloca um cigarro na boca há 30 anos. Assim como Thiago, ele começou a fumar bastante jovem, com 12 anos, e manteve o vício até os 28 anos, quando consumia cerca de três maços por dia.
“A situação estava meio complicada, minha saúde estava muito
debilitada. Para poder dormir, minha esposa ficava me abanando quase uma
hora, porque eu sentia muita falta de ar. Comecei a pensar, meu pai
tinha falecido aos 46 anos de idade, de ataque cardíaco. Ele era
fumante, fumava três carteiras de cigarro. Baseado nisso, tomei a
decisão de não fumar mais”, conta. "Eu não me dava mais três anos de
vida."
Ao anunciar sua decisão para a esposa, Jorge ouviu dela que ele não
conseguiria parar. “Tomei por birra de não botar mais um cigarro na
boca”, diz.
No início, além de ter que superar o vício, o motorista teve também que
lidar com aqueles que tentavam boicotar sua decisão. “Trabalhava com
outros cinco fumantes. Eles jogavam fumaça no meu rosto para ver se eu
resistia. Mas eu consegui aguentar. Difícil é, tem que ter uma força de
vontade muito grande. Toda vez que me provocavam, tomava por birra,
dizia: ‘não vou fumar’. Quando batia a vontade, dizia: ‘não vou fumar””,
afirma.
Hoje, aos 59 anos de idade, Jorge diz que está muito bem de saúde e que
pretende chegar bem mais longe. Para quem está lutando contra o vício,
ele deixa um conselho: “As empresas botam um monte de produto químico
que acabam atuando no nosso organismo, que acabam exigindo aquela
quantidade [de nicotina]. O inimigo é forte, então o contra-ataque tem
que ser forte.”
Além dos ganhos para a saúde, o fim do vício deu a Jorge a chance de
praticar uma atividade da qual gosta e se orgulha muito. “Quando fumava,
eu tinha muita dificuldade para cantar. Hoje, canto muito bem e faço
bastante sucesso nos videokês da região.”
G1
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