A
senhora Maria do Socorro, mãe do jovem Arthur Leite, não segurou as
lágrimas ao ouvir o relato do seu esposo Valdeban Leite Minervino
dizendo o porquê de estudar ao lado do seu filho. O casal Maria do
Socorro e Valdeban começaram a estudar juntos para acompanhar o filho na
Escola Normal, localizada na Rua Cinco de Agosto, Bairro Belo
Horizonte, em Patos. Essa história, que é uma verdadeira lição de vida, e
de mais três famílias, você conhecerá agora.
Todos os relatos a seguir são de pais, mães e filhos que estudam à noite na Escola Normal Dom Expedido Eduardo de Oliveira.
Pai: Valdeban (44 anos), Mãe: Maria do Socorro (42 anos), filho: Arthur (17 anos).
Valdeban
estuda na mesma sala do seu filho Arthur. Os dois cursam o 2º ano. Como
Valdeban tem problemas auditivos, Arthur ajuda nas palavras que às
vezes não são compreendidas pelo seu pai. Maria do Socorro estuda em
outra sala, mas sempre que podem conversam
na escola. Mãe, pai e filho relatam que estudam juntos também em casa,
pois as tarefas são sempre compartilhadas. A família mora no Bairro
Liberdade.
“Eu
percebi que meu filho estava um pouco deixando a desejar na escola, em
questão de desempenho. Eu fiquei com medo dele parar definitivamente. Eu
conversei com ele (Arthur) com ela (Maria do Socorro) e a gente chegou à
conclusão que poderia reunir os três. Foi uma forma de estimular ele
nos estudos. Nos dias atuais não tem justificativa dos jovens dizer que
não estudam porque não tem oportunidade. A gente que é mais velho teve
dificuldade de estudar, mas hoje não se tem essa dificuldade. Hoje tem a
sala de aula bem pertinho de casa, hoje tem merenda na escola, tem sala
de computação e nem isso estimula os jovens” relata Valdeban.
“Eu
quero dar orgulho a ele. Já que ele veio aqui me incentivar. Já que ele é
militar eu quero seguir a carreira de militar. Eu sei que o caminho é a
educação”, confessa Arthur.
Mãe: Maria das Dores “Dorinha” (41 anos), filha: Lorena Marley (16 anos).
Dorinha segue o mesmo caminho de uma mãe que se preocupa com os filhos. Ela estuda desde 2013 na escola e agora tem a companhia da filha na mesma na sala de aula. As duas moram no Bairro da Vitória.
“Lorena
não ‘tava’ querendo ir para aula. Eu vim para acompanhar ela e também
para melhorar o meu lado profissional. Eu estudando com ela, ela fica
bem pertinho de mim e serve de incentivo para outras mães para fazerem a
mesma coisa que eu estou fazendo”, diz Dorinha.
“Minha
mãe tá me dando exemplo. Quando minha mãe chega cansada eu incentivo.
‘Vamo mãinha pra gente não perder aula’ e aí a gente vem juntas”, relata
Lorena.
Mãe: Joseilma de Oliveira, filho: José Tiago (19 anos).
Joseilma
estuda na 8ª série e o seu filho Tiago faz o 2º ano. No início o filho
achou que era perseguição da mãe, mas depois viu que se tratava de algo
bem maior, pois além da sua mãe ter retomado as aulas houve um reforço
da amizade entre os dois. Eles residem na Vila Mariana.
“Eu decidi voltar aos meus estudos que eu tinha parado no tempo da mocidade. Hoje eu retomei meus estudos e incentivo ele”, diz Joseilma.
“Logo
no início passou o clima de uma perseguição da mãe na escola, mas depois
eu vi que não. Eu vi o exemplo de minha mãe quando tinha a minha idade,
19 anos, ela não estudava por problemas pessoais, a dificuldade de ir à
escola, pois ela morava num bairro e se deslocava para outro. Eu
gostaria de transmitir esse recado para todos os pais e mães que tem seu
tempo disponível à noite e que venham estudar. Para incentivar seus
filhos para que eles não caminhem no mundo das drogas” relata Tiago.
Mãe: Adriana Maria (38 anos), filha: Dayane Costa (18 anos).
Adriana
Maria estuda na Escola Normal há dois anos e sua filha estudava na
Escola Auzanir Lacerda, mas havia ficado reprovada por dois anos e isso
preocupou a mãe que fez uma proposta: Vamos estudar comigo! A filha
aceitou o convite. Elas moram no Bairro Novo Horizonte.
“Tem dias que ela não tá com coragem de vir, mas eu incentivo. A gente faz as tarefas juntas,
pois faz tempo que eu larguei a escola. Quando eu casei ‘tava’ fazendo a
sétima série. Quando eu casei fui ser dona de casa e tive que parar.
Meu filho já estuda aqui pela manhã. Agora a gente vem junta para a
escola”, confessa Adriana Maria.
“Quando
eu estudava sozinha eu ia por influência de amizades, por brincadeira.
Eu faltava muito. Mãinha disse: ‘Dayane agora você vai estudar comigo’.
Eu aceitei. Quando às vezes ela não entende do assunto eu explico a ela
até ela entender. Às vezes eu chego em casa cansada, aí digo: ‘Mainha eu
não vou hoje não’. Ela diz: ‘Vai. Eu estou mais cansada que você e vou.
Vá tomar um banho que se esperta e vamos’. Assim ficou melhor”, relata
Dayane.
A
diretora da Escola Normal, Adriana Nóbrega diz que se sente emocionada
com os depoimentos. A família vem junta para a escola e isso é muito
bonito. “Os outros alunos até se comportam diferente ao ver pai, mãe e
filho estudando juntos. Isso serve de incentivo para todos. No ato da
matrícula eu sempre incentivo as mães para virem para a escola com seus
filhos. Muitas me perguntam se pode vir à escola com os filhos e eu
respondo que sim”, diz Adriana Nóbrega.
0 Comentários