A cúpula do PSB se reuniu nesta quinta-feira para definir a postura de independência que adotará em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff a partir de 2015. Na reunião da Executiva Nacional do partido, que teve início por volta das 10h e ainda não terminou, o PSB vai decidir que não voltará a integrar a base aliada, mas também não irá para a oposição sistemática no Congresso. A legenda determinou ainda que nenhum filiado poderá ter cargos no governo Dilma e que as decisões sobre votações serão tomadas a partir do “colegiado” de políticos socialistas que integram a cúpula do PSB.
Entretanto, no âmbito dos estados, o partido tem liberdade para nomear petistas para cargos, como é o caso da Paraíba, já que Ricardo Coutinho (PSB) se reelegeu governador com o apoio do PT. Nos estados do Acre, Amapá e Bahia o PSB também declarou apoio a Dilma.
A posição independente não impedirá o partido de lançar um candidato próprio à Presidência da Câmara com o apoio de partidos da oposição. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) vem trabalhando sua candidatura e já manteve conversas com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e com outros integrantes da cúpula tucana e do DEM para angariar apoios.
O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), governador eleito do Distrito Federal, diz que, no Congresso Nacional, o PSB irá analisar caso a caso as votações para decidir se irá votar contra ou a favor do governo. Rollemberg diz que o apoio da oposição na disputa pela Presidência da Câmara não deve ser dispensado e que isso não será suficiente para “confundir” o PSB com os partidos da oposição tradicional.
– Disputar a Presidência da Câmara é uma escolha legítima porque temos posição de independência. E apoio não se recusa. Vamos manter nossa agenda propositiva programática dos pontos que trabalhamos na campanha com Eduardo Campos e nos reunir em torno de pautas específicas. Se acharmos que o governo está correto, apoiamos, se não, votamos contra – afirma o senador.
O partido enfrenta, desde a morte de Eduardo Campos em agosto deste ano, uma ausência de liderança nacional. O sucessor de Campos no governo de Pernambuco, Paulo Câmara, ocupa a vice-presidência do partido, mas ainda sem a estatura do antecessor. Rollemberg elogia o presidente do PSB, Carlos Siqueira, na condução do partido, mas deixa claro que as decisões serão tomadas pelo grupo. Quando Eduardo Campos presidia o PSB, sua palavra costumava sempre ter força de decisão final.
– Siqueira tem muita legitimidade, mas é claro que quem vai dirigir o partido é o colegiado e ele sabe ouvir bem esse colegiado. E falar em 2018, está muito longe ainda – aponta o senador.
Marina Silva não participou do encontro em Brasília porque não faz parte da Executiva Nacional. Socialistas repetem que a ex-senadora é bem-vinda se quiser continuar na legenda, mas acreditam que ela deverá investir no projeto de criação da Rede Sustentabilidade e deixar o PSB.
O ex-presidente do partido, Roberto Amaral, que assumiu o cargo logo após a morte de Eduardo Campos, não compareceu à reunião. Amaral rompeu com as demais lideranças socialistas quando o PSB decidiu apoiar Aécio Neves no segundo turno da eleição presidencial. Na ocasião, o ex-dirigente deixou a Executiva Nacional do PSB e anunciou seu apoio à reeleição de Dilma Rousseff.
O Globo, com Redação
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