Homossexuais organizam grupos para realização de sexo sem camisinha na Paraíba e no Brasil

Nos sites e blogs é possível aprender até a como furar camisinhas para transmitir a doença
Cada vez mais os relatos de pessoas que estão tentando passar o vírus da Aids para a frente intencionalmente estão se tornando comuns. Basta uma simples pesquisa na internet pela palavra “bareback” que é possível encontrar várias páginas que divulgam  e incentivam o sexo sem camisinha entre homens. Grupos se reúnem para promover orgias sexuais. A intenção é experimentar o risco, o perigo de contrair a doença. Também é possível aprender como conseguir transmitir o vírus. Quais as formas mais simples e mais eficientes sem que o receptor sequer note isso.
A Paraíba não está livre disso. Em uma rápida pesquisa pelo Facebook foi possível encontrar pelo menos três perfis de pessoas que se identificam como praticantes da perigosa modalidade, tanto como gift givers (quem tem o vírus de presente para dar) quanto como bug chasers (quem é negativo, mas aceita correr o risco de aduirir a doença). Infelizmente todas as tentativas de aproximação destas pessoas foram infrutíferas.
Também encontramos um blog que reúne os adeptos da prática e os interessados em mais informações. No blog não há postagens. Apenas o pedido para que o interessado na prática deixe seu e-mail para um futuro contato.
Em outro blog é possível ter lições sobre como conseguir convencer seu parceiro a não usar camisinha ou até furar camisinhas para transmitir a doença mesmo assim. São os conhecidos "clubes do carimbo", que "carimbam" pessoas e querem transmitir a doença deliberadamente. 
O deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), autor do projeto de lei que prevê que a transmissão consciente do vírus da aids se torne crime hediondo, lamenta a vulnerabilidade dos jovens a este risco.
“Muitos jovens são vulneráveis a grupos organizados por meio da internet, que planejam transmitir o vírus HIV furando preservativos. Há casos em que homofóbicos contratam garotos de programas soropositivos para espalhar a doença entre os homossexuais”, exemplifica.
Para a especialista em visibilidade das pessoas com HIV, Angelita Lucas, muito desta exposição se deve ao fato de que, com todos os medicamentos que foram criados para a melhoria da qualidade de vida dos soropositivos, o tempo de sobrevivência foi esticado e o convívio com ela se tornou menos agressivo, e, por isso, as pessoas parecem não sentir mais tanto medo de contrair o vírus.
“A aids, hoje, é considerada uma doença crônica. Ou seja, é possível conviver com ela. Se por um lado há esta facilidade de convívio, por outro há um descuido com relação à prevenção”, diz.

“Meu mundo caiu no momento em que ela me contou que estava com aids. Eu não sabia se tinha mais ódio da traição ou do fato de ter contraído a doença. Ela era a minha melhor amiga, a mulher com quem eu queria passar a vida, e ela simplesmente destruiu isso. Ela me expôs a algo que eu carregarei para o resto da vida”, disse.
Amor viral - O sexo sem camisinha destruiu a vida de Marco Antônio (nome fictício). Após ter uma parceira fixa por mais de dez anos descobriu que ela tinha lhe passado o vírus após tê-lo traído com um soropositivo.

Hoje ele é casado com outra mulher. Ele lamenta não ter filhos. “Mas queremos adotar. Ela sabe da minha condição. Tenho medo de transmitir o vírus para ela ou para a criança. É como uma condenação, e eu não quero isso para os meus filhos”, explicou.
Em pêlo - Apesar disso, ainda tem muita gente que parece querer a pena capital pela contaminação com o vírus. Em um dos sites em que o Bareback é divulgado, os membros do grupo (todos de São Paulo) são convidados para um grupo no Whatsapp onde organizam encontros e orgias. Sempre sem camisinha. Sempre com o risco de se contaminar.
“Tenho recebido muitos, mais muitos e-mails de xxxxx de todos os locais do Brasil e do exterior. O nosso grupo no whattsapp tá bombando. Cheio de vídeos e fotos de foxxx na pele, sem capa, sem borracha”, comemora o organizador deste blog, um dos mais visitados quando o assunto é a divulgação do bareback. Tentamos contato com ele, mas não houve, também, resposta.
O mundo daqueles que querem correr o risco de contrair a doença ainda é muito fechado. Para muitos deles, como Fernando, a escolha pelo sexo sem preservativo é mais do que querer correr riscos. É querer tirar do seu grupo, os homossexuais, o estigma do próprio vírus.
Em entrevista para o site Vestiário, o empresário, que organiza festas bareback em São Paulo. "Em uma festa que promovi com 20 pessoas apenas um usou", revelou. 
O fato de os grupos serem organizados por homossexuais pode acabar se projetando em um problema social no futuro próximo. “Com este comportamento eles estão trazendo para si novamente o cognome de grupo de risco”, lamenta Angelita.
Não tem segredo. Grupo de risco é qualquer pessoa que queira fazer sexo sem preservativo. As campanhas não tem sido eficientes no quesito da informação às pessoas, que seguem com esta prática perigosa. E este comportamento não atinge apenas homossexuais. O maior número de casos de aids no Brasil ainda está entre heterossexuais, que também, muitas vezes, praticam o bareback com seus parceiros fixos e eventuais. É este comportamento que tem sido responsável por disseminar o vírus e é este comportamento que preocupa os especialistas no vírus.
"Estou muito preocupada com isso. É um tipo de retorno que não pode ser estimulado, e ainda assim a gente não vê isso sendo combatido. A propaganda do governo sobre a contaminação da aids é marcada por datas específicas, mas este comportamento está se disseminando muito rapidamente", lamentou Angelita. 

João Thiago

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