Na
crença do sertanejo, o dia de São José (19 de março) prenuncia como
será o inverno no Semiárido nordestino. Se chover é sinal de que o ano
vai ser bom para a agricultura. A fé do homem do campo tem fundamento
climático. Março é o mês de maior quantidade de chuvas no Sertão. Em
2014, o terceiro mês do ano é aguardado com expectativa. Depois de
enfrentar três anos de estiagem severa, as previsões climáticas para a
região são mais alentadoras. Especialistas apostam que esse ano ainda
pode chover abaixo da média histórica, mas nada comparado aos índices de
2012 e 2013. A água precisa cair para reverter a situação crítica dos
reservatórios e garantir a retomada da produção agropecuária.
Os 61 reservatórios localizados no Semiárido estão com apenas 14,6%
da sua capacidade de armazenamento. O açude de Poço da Cruz (em
Ibimirim, no Sertão) – o maior do Estado – está operando com apenas
10,8% do seu volume total. Vem sucumbindo ao longo dos últimos anos.
Entre 2012 e 2013 o volume armazenado caiu pela metade. A situação se
repete com a Barragem de Jucazinho, maior reservatório do Agreste. “É
necessário um volume de chuvas significativo para recompor a capacidade
dos açudes”, afirma o analista de Recursos Hídricos da Agência
Pernambucana de Águas e Clima (Apac), Rony Melo.
Na última Reunião de Análise Climática para o Semiárido do Nordeste,
realizada em janeiro em Fortaleza, a “previsão de chuvas é entre normal e
abaixo da climatologia”. As projeções, na análise do secretário de
Agricultura e Reforma Agrária de Pernambuco (Sara), Aldo Santos,
descortinam a possibilidade de abastecimento garantido para a
agricultura. “É o começo do fim da estiagem prolongada para a
atividade”, diz, otimista.
Ainda que o horizonte para 2014 seja menos perverso, o caminho de
recuperação da agropecuária é longo. A participação do setor no Produto
Interno Bruto (PIB) do Estado despencou por conta da seca. Em 2011
(primeiro ano da estiagem), ainda manteve taxa de crescimento de 3,7%.
No ano seguinte, entretanto, houve um baque de 15%. Seguido de mais uma
retração forte, de 7,2%, no acumulado até setembro de 2013 – segundo os
dados mais recentes compilados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Os números dão a dimensão do desafio.
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