A
Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou uma foto do homem suspeito de
ter arremessado um rojão contra o cinegrafista Santiago Andrade, que
morreu nesta segunda-feira (10) por conta dos ferimentos causados pela
explosão.
A Polícia Civil informou, na manhã desta terça-feira (11), que
equipes da 17ª DP (São Cristóvão) realizam diligências, nesta manhã, em
vários pontos do Rio de Janeiro para cumprir mandado de prisão contra o acusado de lançar o rojão
que matou o cinegrafista da "Band" Santiago Andrade, 49, durante um
protesto no centro da cidade na última quinta-feira (6). O nome do
suspeito é Caio Silva de Souza.
Após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento
Intensivo), Santiago teve morte encefálica na manhã de segunda-feira
(10), no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.
Mesmo após a neurocirurgia para estancar o sangramento e estabilizar a
pressão intracraniana, Andrade ficou com mais de 90% do cérebro sem
irrigação sanguínea. A mulher dele, Arlita, esteve no hospital durante
todo o dia, mas não falou com a imprensa.
Na tarde de segunda-feira, a família doou os órgãos, conforme
pedido prévio do cinegrafista. Ainda não há informações sobre velório, e
a família informou que Andrade será cremado.
Imprensa internacional destaca morte de cinegrafista atingido por rojão no RJ7
O portal de notícias "MSN" da Nova Zelândia deu destaque nesta
segunda-feira (10) para a morte encefálica do cinegrafista da "TV
Bandeirantes" Santiago Andrade, 49, alvejado por um rojão durante os
protestos contra o aumento das passagens de ônibus, no Rio de Janeiro,
na semana passada Reprodução
Durante todo o dia, o clima na porta do hospital foi de comoção e
tristeza. À noite, a emissora realizou uma missa na Igreja Santa
Cecília, em Botafogo, em memória do cinegrafista.
Colegas da Band afirmaram que o clima na empresa era de tristeza e
revolta. Amigo de Andrade desde que ele começou na emissora, em julho de
2004, um funcionário que preferiu não se identificar contou que o
cinegrafista estava em outra cobertura e foi escalado para filmar a
manifestação depois do seu horário.
Acompanhado por uma repórter que foi buscar o carro quando Andrade foi atingido, a equipe ficaria poucos minutos no local.
"Eles foram gravar algumas imagens. Ele estava completamente sozinho e
não tinha como se defender. Se estivesse com um auxiliar de câmera,
talvez a tragédia não tivesse acontecido, porque daria tempo de
avisado", disse.
PRINCIPAL SUSPEITO
-
Imagens da "TV Brasil" mostram um homem de camisa cinza e calça jeans
correndo pela Central do Brasil. Para a Polícia Civil, ele foi o
responsável por acender o rojão
Emoção
No Facebook, a filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa
Andrade, 29, escreveu uma declaração emocionada pouco depois de saber
sobre a morte do pai. Ela contou alguns momentos marcantes que viveu com
Andrade, desde a infância até a despedida.
Veja o momento em que o cinegrafista é atingido
"Esta noite (ontem) eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele.
Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos,
pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e
cuidar da minha mãe e de meus avós".
Em sua página pessoal, ela
recebeu o apoio e o carinho de amigos, familiares e até desconhecidos.
Nas redes sociais, o clima era de indignação e inconformismo pela morte
do cinegrafista. Em entrevista à "TV Globo", após deixar o hospital no
domingo (9), Arlita afirmou que ao visitar o marido sentiu "que ele não
estava nem mais lá".
Ela contou que, na quinta-feira à noite,
ligou para o marido e foi atendida por outro cinegrafista que relatou a
tragédia. "Achei que não tinha entendido e falei: ele foi fazer alguma
matéria sobre alguém que levou uma bomba? A pessoa falou: Não, foi ele
mesmo", lembrou.
Dilma
A presidente Dilma Rousseff determinou à Polícia Federal que apoie as investigações
para que as "punições cabíveis" sejam aplicadas aos culpados pela morte
do cinegrafista. Por meio de sua conta no Twitter, ela comentou o
episódio em uma série de cinco posts. Em um deles, disse que o caso
"revolta e entristece" o país.
À noite, o ministro da Secretaria
Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também prestou "solidariedade à
família desse nosso companheiro, que foi assassinado no Rio de
Janeiro". Ele acrescentou que o governo espera manifestações "maduras e
pacíficas" durante a Copa do Mundo.
0 Comentários