A discussão entre os presidentes Paulo Nobre e
Carlos Miguel Aidar sobre a negociação envolvendo o atacante Alan Kardec
fez ressurgir mágoas antigas entre as duas diretorias. Agora com
relações cortadas, os cartolas relembraram que o desconforto entre as
duas cúpulas vem desde a década de 40, quando o São Paulo foi acusado de
tentar se apoderar do Palestra Itália, antigo estádio do Palmeiras.
Durante
coletiva de imprensa na última segunda-feira, o palmeirense Paulo Nobre
fez questão de dizer que o Palmeiras ajudou o clube do Morumbi por
caridade e o acusou o rival de tentar tomar o estádio alviverde. “A
relação, a nível de diretoria, é ruim desde os anos 40 e com certeza
absoluta com essa administração que entrou não será diferente. Desde os
anos 40, quando tentaram roubar o Palestra Itália do Palmeiras e
forçaram o Palestra Itália a mudar para Sociedade Esportiva Palmeiras, a
relação é muito ruim”, cutucou ele.
O
episódio citado por Nobre refere-se aos anos de 1938, quando aconteceu o
famoso “jogo das barricas” para arrecadar dinheiro para o São Paulo e
1942, quando o país sofria com a Segunda Guerra Mundial e o Palestra
Itália teve de mudar de nome por ser de origem italiana, após pressão do
governo e interferência do São Paulo. A versão, no entanto, é negada
pelos rivais.
Em 1943, a história palmeirense acusa o São Paulo
de tentar comprar o Palestra Itália aproveitando-se do fato de o
Palestra Itália ser visto como o “inimigo da nação”. A verdade é que de
fato o clube tricolor procurava por uma casa e um ano depois adquiriu o
Canindé junto ao clube alemão Deutsch Sportive. Em 1956, com mudança do
terreno, o estádio foi vendido à Portuguesa, e o São Paulo conseguiu a
área para a construção do Morumbi.
Do outro lado, Carlos
Miguel Aidar não deixou por menos e relembrou da década de 90, quando o
zagueiro Antônio Carlos e o lateral-direito Cafu se transferiram para o
Palmeiras, depois de negociações intermediadas por José Carlos Brunoro
na era Parmalat.
“O São Paulo, em diversas temporadas, perdeu
vários atletas. Perdeu Cafu, Antônio Carlos, através do Brunoro, e ao
saírem do São Paulo, todos eles assinaram o chamado pré-contrato. Nem
por isso ficamos chorando pelos quatro cantos. Time grande briga pela
permanência dos seus atletas”, retrucou o são-paulino.
Em 1994, o
São Paulo negociou o lateral-direito Cafu para o Zaragoza (ESP) e, para
evitar assédio, colocou uma cláusula no contrato que impedia o atleta de
se transferir para outro clube paulista. O Palmeiras, porém, aproveitou
a parceria com a Parmalat e Juventude para contratar o atleta. À época,
Cafu assinou um vínculo de três meses com o clube de Caxias do Sul e,
em julho de 1995, chegou ao Palestra Itália.
A história recente
das duas equipes também é recheada por disputas nos bastidores. Em 2005,
o volante Richarlyson chegou fazer exames médicos no Palmeiras, mas
depois de cinco dias ele acabou apresentado pelo São Paulo dizendo que
“se encaixava melhor na equipe do Morumbi e que lá a pressão era menor”.
Em menos de um ano, o lateral-direito Ilsinho
seguiu o mesmo caminho. Revelado pelo próprio Palmeiras, o jogador não
aceitou renovar o contrato por considerar que não estava sendo
valorizado e preferiu pular o muro. Na apresentação, Ilsinho acirrou a
rivalidade ao declarar que o “São Paulo era primeiro mundo”.
Em
2008, destaca-se o “caso gás de pimenta”. Durante a semifinal do
Campeonato Paulista, o São Paulo acusou o Palmeiras de jogar gás de
pimenta no vestiário da equipe no Palestra Itália durante o intervalo do
jogo. O Palmeiras – campeão daquela edição - foi punido pelo STJD
(Superior Tribunal de Justiça Desportiva) com a perda de um mando de
jogo e a multa de R$ 10 mil.
A disputa por Alan Kardec é só mais
uma das diversas que os clubes já travaram. O próximo capítulo por ter
Wesley como protagonista. É esperar para ver.
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