Daqui a 10, 20, 50 anos, dirão aos brasileiros que a Seleção, lá atrás em 2014, perdeu uma semifinal de Copa do Mundo
para a Alemanha, em casa, por 7 a 1. Esse texto é para quem era
garotinho ou nem sequer havia nascido na época. Tomara que o encontrem
na internet e tentem entender o que nenhuma palavra pôde explicar aos
que estiveram no Mineirão, em Belo Horizonte, ou aos 200 milhões que
viram, de alguma forma, o massacre imposto por uma das grandes equipes
daqueles tempos a um time absolutamente entregue à pressão e à ausência do craque Neymar.
Neymar era o melhor jogador daquela geração brasileira, mas teve uma
vértebra fraturada nas quartas de final, contra a Colômbia, numa
joelhada de Zuñiga. O Mineirão, na tarde de 8 de julho, não viu o
atacante, mas viu Miroslav Klose chegar a 16 gols e bater o recorde de
Ronaldo como maior artilheiro das Copas. Viu Schweinsteiger, Khedira,
Kroos, Özil e Müller, em exibições exuberantes, decretarem a maior
humilhação brasileira na história do torneio, em atuação abaixo da mais
destrutiva das críticas.
No dia em que deveria se mostrar credenciar definitivamente ao
hexacampeonato, a Seleção Brasileira brindou o País com seu maior vexame
na história das Copas do Mundo. Jogando no Mineirão, em Belo Horizonte,
a equipe de Luiz Felipe Scolari levou cinco gols em 29 minutos e acabou
humilhada pela Alemanha, que por fim venceu por 7 a 1. Nunca antes o
Brasil foi tão surrado em uma Copa do Mundo, com direito a aplausos e
“olé”.
Uma vez antes o time levou cinco gols em uma partida, mas curiosamente
terminou vencedor: na Copa de 1938, venceu a Polônia por 6 a 5. Foi a
primeira vez que uma equipe fez 5 a 0 em apenas 29 minutos. Antes, a
maior derrota brasileira era um 6 a 0 para o Uruguai, em 1920. O apagão
brasileiro calou o Mineirão e estraçalhou o sonho do hexa de forma
cruel. A equipe sem o lesionado Neymar e o suspenso Thiago Silva foi
completamente dominada pela Alemanha e, sem qualquer brilho, parou no
goleiro Neuer nas poucas vezes que o testou.
Assim, a Alemanha foi aplaudida de pé e jogou sob gritos de “olé” dos
próprios brasileiros. Ela chega à sua oitava final de Copa do Mundo –
são três títulos (1954, 1974 e 1990) e quatro vices (1966, 1982, 1986 e
2002). O adversário será definido na quarta-feira, quando Argentina e
Holanda se enfrentam às 17h (de Brasília) na Arena Corinthians, em São
Paulo (SP). A decisão será no domingo, às 17h, no Maracanã, no Rio de
Janeiro.
Já o Brasil ainda volta a campo para tentar deixar outra impressão no Mundial. Os jogadores
comandados por Luiz Felipe Scolari vão enfrentar o time que for
derrotado em São Paulo pelo posto de terceiro colocado. O jogo está
marcado para as 15h, no Estádio Mané Garrincha, em Brasília (DF).
A Seleção Brasileira entrou em campo segurando a camisa de Neymar, muito
homenageado nos últimos dias, e com Bernard em seu lugar. Na vaga do
suspenso Thiago Silva, Dante completou a zaga. Quando a bola rolou, o
torcedor se confrontou com panorama conhecido: marcação falha, erros
individuais e a ausência de um meio-campo, com a bola sendo alçada da
defesa direto ao ataque. Incrivelmente, a Alemanha precisou de 29
minutos para abrir 5 a 0 no placar.
Primeiro, aos 11min, Marcelo errou no campo de ataque e teve de correr
até a defesa para se recuperar, cedendo escanteio. Na cobrança, a bola
cruzou a área até Muller, que completou livre e com os pés para o gol. A
Seleção não conseguiu reagir de forma imediata, enquanto a Alemanha
usava os espaços deixados pela marcação. Aos 23min, Kroos recebeu pela
direita e cruzou na área para finalização de Klose; Júlio César defendeu
o primeiro chute, mas o atacante completou para se tornar o maior
artilheiro da história das Copas.
O Brasil definitivamente se perdeu em campo. Aos 25min, Muller invadiu a
área pela direita e rolou para trás, onde Kroos chutou de primeira para
fazer o terceiro. O Brasil deu a saída de bola, e então Fernandinho
falhou na entrada da área e perdeu a bola para Kroos, que tabelou na
área com Khedira e fez mais um. Aos 29min, os alemães tocaram bola
dentro da área até Khedira receber de Ozil e fazer o quinto gol.
Taticamente estável, a Alemanha então diminuiu o ritmo, passou a
administrar a vitória, mesmo assim sem deixar de levar perigo a cada
investida no ataque. O Brasil se manteve apagado, tocando bola e sendo
facilmente bloqueado pela primeira linha de marcação. O primeiro tempo
terminou com mais posse de bola brasileira – 53% contra 47% dos alemães
-, mas com apenas um chute a gol, contra nove da Alemanha.
Aplausos brasileiros aos alemães e "olé"
Para o segundo tempo, Luiz Felipe Scolari colocou Paulinho e Ramires nas
vagas de Fernandinho e Hulk em busca de mudança, e as conseguiu: o
Brasil passou a tocar a bola e conseguiu chegar na frente. Aos 5min,
Neuer salvou cruzamento rasteiro de Ramires. Aos 7min, pegou chute
cruzado de Oscar após passe de Fred. Aos 9min, fez duas impressionantes
defesas quando ficou cara a cara com Paulinho dentro da área, após
rebote de escanteio.
Aos 14min, Fred recebeu de Oscar na entrada da área e deu sua primeira
finalização, fraca e fácil para Neuer. Foi então xingado pelas
arquibancadas em uníssono. Aos 16min, Júlio César evitou o sexto gol ao
desviar chute de Muller, mandando a bola por cima do gol. Aos 22min, o
goleiro correu para fora da área para tirar de carrinho um passe para
Muller, em momento em que os alemães contra-atacavam com três jogadores
contra apenas um brasileiro. Aos 24min, os alemães fizeram o sexto.
Lahm recebeu pela direita e cruzou rasteiro para o meio da área, onde
Schurrle apareceu entre cinco marcadores para, com liberdade, completar
de primeira e aumentar a goleada. Felipão então tirou o vaiado Fred para
colocar Willian. Aos 24min, Schurrle recebeu passe de arremesso lateral
e, da esquerda da área, fuzilou Júlio César para fazer o sétimo. O
torcedor no Mineirão se levantou e aplaudiu a Alemanha. A partir daí,
passou a gritar “olé”.
Só aos 46min o Brasil conseguiu descontar o marcador, com gol de Oscar.
Ele recebeu lançamento longo de Marcelo, invadiu a área, cortou a
marcação e bateu no gol. Com o apito final, os jogadores brasileiros
desabaram em lágrimas.
Com Terra
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