Na última eleição geral, em 2010,
10,63% dos paraibanos preferiram anular o voto na escolha para
governador do Estado. O cargo de senador foi ainda mais desprezado pelos
eleitores: 24,90% preferiram descartar o voto a optar por algum
candidato. Considerado por muitos eleitores uma forma de protesto, o
voto nulo está na mira dos juízes eleitorais da Paraíba, que esclarecem
sobre a inutilidade do voto nulo, bem como a necessidade de votar
consciente nas eleições 2014.
Para
muitos eleitores, o voto nulo representa o descontentamento com a
proposta de todos os candidatos habilitados no pleito. Contudo, de
acordo com o juiz eleitoral Ricardo da Costa, de João Pessoa, o voto
nulo é registrado apenas para fins de estatísticas e não é computado
como voto válido, ou seja, não vai para nenhum candidato, partido
político ou coligação. “Além de não fazer uma opção, o eleitor estará
dando aos demais a chance de eleger o candidato que ele tem maior
rejeição. Ao votar nulo, ele está se abstendo de escolher e delegando a
outra pessoa a escolha”, ressaltou.
Costa
lembra que há alguns anos os votos nulos e brancos eram considerados
para efeito de percentual, na soma dos 50% dos votos mais um, que define
se a eleição vai ou não a segundo turno. “Hoje esses votos são
excluídos, não ajudam em absolutamente nada no processo, já que só são
considerados os votos válidos. Por isso é tão importante fazer uma
escolha, analisar e ver quem, entre as opções, melhor o representa”.
O
juiz eleitoral Ramonilson Alves Gomes, de Patos, reforça a ideia de um
protesto ineficiente ao optar pelo voto nulo. “Pode ser a intenção do
eleitor, mas se trata de um protesto ineficiente. Não se pode mais nos
dias de hoje não gostar de política. Temos que fazer opções porque isso
afeta a vida pública e particular e fortalece quem tem a maioria”,
destacou. Para conscientizar a população em torno do voto consciente,
especialmente contra a venda do voto, o juiz ganhou o apoio de setores
da sociedade civil na divulgação da campanha “Quem Compra Voto é o Pior
Candidato”, idealizada por ele. “Quem vende o seu voto precisa entender
que o dinheiro é público, sai dos convênios da saúde, da educação, dos
institutos de previdência”. Por meio da Escola Judiciária, a campanha
“Voto Vendido, Voto Vencido” também está nas ruas, para conscientizar o
eleitor a não vender o voto.
A
juíza eleitoral Renata Barros, de Campina Grande, acredita que a
anulação do voto está ligada a vários fatores. “Muitos fatos se somaram
na última década. As ideologias e correntes partidárias sofreram
mudanças, que podem ter provocado um descontentamento no eleitor. Mas é
preciso se sobrepor a isso e considerar o que parece mais correto”,
disse.
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