Doenças cardiovasculares mataram mais de 37 mil paraibanos nos últimos cinco anos; campanha é lançada na PB

As doenças cardiovasculares foram responsáveis por 37.283 óbitos na Paraíba nos últimos cinco anos.  Para alertar sobre o problema a Sociedade Paraibana de Cardiologia, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde, está realizando a campanha ‘’Dezembro Vermelho”.
A campanha foi lançada na última sexta-feira (13) na Praia de Cabo Branco. No horário das 6 às 8 horas, foram oferecidas frutas aos participantes e transeuntes, como estímulo alimentação saudável. O objetivo da campanha é alertar a população para os problemas do coração. No local foram realizados testes de Pressão Arterial e Glicemia Capilar, além da distribuição de material educativo e orientações.
Segundo a chefe do Núcleo de Doenças e Agravos Não transmissíveis da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Gerlane Carvalho de Oliveira, as doenças cardiovasculares foram a causa de morte de aproximadamente 17 milhões de pessoas no mundo em 2011, ou seja, 3 entre 10 mortes. Do total, 7 milhões morreram de doença isquêmica coronariana e 6,2 milhões de doença cerebrovascular. No Brasil e na Paraíba as proporções são semelhantes.
“ O pior é que a perspectiva é de crescimento da incidência das doenças cardiovasculares e para o ano de 2040 estima-se que o Brasil atinja a marca de incremento de 250% quando comparado à China (200%) e à Índia (180%). Uma verdadeira epidemia de doenças cardiovasculares , principalmente pela maior incidência da obesidade e do diabetes”, alerta
De acordo  Gerlane Carvalho, preocupada com essa situação a Sociedade Paraibana de Cardiologia que está empenhada em reverter esta tendência em nosso meio, alerta a população para os riscos e orienta sobre a mudança de hábitos e costumes (redução do açúcar, sal e gordura na alimentação, atividade física regular, controle de peso, da hipertensão arterial e do diabetes)" que podem reduzir acentuadamente a prevalência de doenças cardiovasculares." 
De acordo com o cardiologista Fábio Almeida, que é médico da Secretaria de Estado da Saúde (SES), as doenças cardiovasculares são as principais causas de mortes por AVC e infarto no Brasil, enquanto que nos EUA e na Europa essas doenças são a causa principal dos óbitos por infarto, seguido do AVC. A hipertensão arterial, um dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, responde por 80% dos óbitos por AVC e 60% por infarto. Ainda segundo o cardiologista, cerca de 30% da população paraibana tem problema de pressão arterial.
Outros fatores de riscos para as doenças cardiovasculares apontados pelo cardiologista são o diabetes, sedentarismo, o colesterol, o tabagismo e a obesidade que também acometem a população paraibana. Nesse contexto, Fábio Almeida chama a atenção para obesidade infantil que tem crescido muito no Brasil devido falta de exercícios físicos que deveriam ser oferecidos pelas escolas somado a má alimentação. “Hoje é comum diagnosticar crianças sofrendo de pressão alta, diabetes e obesidade e o Brasil está deixando de ser um país de subnutridos para se tornar um pais de obesos”, lamentou o médico.
Gerlane Carvalho, explicou que na Paraíba, o Governo do Estado, por meio da Secretaria da Saúde, tem realizado ações e implantado serviços para orientação e prevenção dos fatores de risco das doenças cardiovasculares, a exemplo do tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, sedentarismo e diabetes. O atendimento ao paciente é feito nas unidades de saúde da família pelos profissionais que constantemente são capacitados e atualizados sobre as doenças, suas causas e prevenção.
Outras informações – O coração é um dos principais órgãos do corpo humano. É ele que recebe e impulsiona o sangue para todo o organismo, mantendo-o vivo e funcionando bem. Por isso, praticar uma atividade física regular, buscar alimentar-se sem excesso de gorduras, açúcar ou sal e manter o peso dentro dos limites normais, é essencial para a garantia de seu bom funcionamento. Os médicos alertam que não fumar também é fundamental, assim como medir a pressão arterial regularmente, de modo a diagnosticar a hipertensão e iniciar precocemente o seu tratamento.
Frutas, legumes e verduras, contribuem para a diminuição dos problemas decorrentes das doenças cardiovasculares. A alimentação está intimamente relacionada com o estado de saúde do indivíduo a longo prazo. Portanto, os cuidados com a nutrição são importantes para todos, e não apenas para aqueles que já apresentam algum problema de saúde.
Estatísticas – As doenças cardiovasculares lideram o ranking dos males que mais matam no Brasil. O Ministério da Saúde afirma que aproximadamente 30% dos óbitos no país devem-se a problemas relacionados ao coração. Essas doenças têm apresentado crescente incidência na população, isto porque a vida moderna estimula o sedentarismo e uma alimentação inadequada.
Estima-se que no Brasil existam pelo menos 600 mil pessoas que convivem com algum tipo de problema cardíaco. Apesar de mais comuns a partir dos 45 anos, as doenças cardiovasculares são resultado da combinação de fatores de risco – como tabagismo, colesterol alto, diabetes e pressão alta – durante anos e anos. Doenças cardíacas e ataques do coração são as maiores causas de mortes no mundo, sendo responsáveis por 45% de todas as mortes em países industrializados, e até 25% em outros.
Doenças mais comuns
Infarto – O infarto agudo do miocárdio é uma das doenças cardíacas mais temidas, devido ao alto índice de mortalidade. Metade das pessoas que têm um infarto não sobrevive a tempo de receber atendimento médico. O infarto é provocado pela formação de um coágulo que obstrui totalmente a passagem do sangue em uma artéria do coração, causando morte de uma determinada região do músculo cardíaco (miocárdio). O sintoma mais comum é uma forte dor no peito.
Insuficiência cardíaca – Ocorre quando o coração não consegue bombear sangue suficiente para o restante do corpo. Segundo a classificação da Associação do Coração de Nova Iorque, a insuficiência cardíaca é dividida em quatro classes, de acordo com a severidade do problema: I (assintomática), II (leve), III (moderada) e IV (grave).
Má circulação – Chamada pelos médicos de insuficiência vascular periférica. Os sintomas mais comuns são dores nas pernas, que aparecem com freqüência durante caminhadas, e passam durante o repouso.
Arritmias – É quando o coração bate de forma irregular, ou muito rápido ou muito devagar. O coração de um adulto normal, em repouso, bate de 60 a 80 vezes por minuto. Ritmos cardíacos lentos são chamados bradicardias; ritmos rápidos são chamados taquicardias. As arritmias podem ser de vários tipos e são mais frequentes à medida que o indivíduo envelhece. Vale lembrar que é absolutamente normal o coração bater mais rápido em situações de excitação, medo ou durante a prática de exercícios físicos.
Derrame cerebral – Conhecido no meio científico como Acidente Vascular Cerebral (AVC), trata-se de um sangramento no cérebro por causa do rompimento de vasos sanguíneos. Pode acarretar sequelas graves e morte. Apesar de não ser uma doença cardíaca, o derrame cerebral é uma doença vascular grave e está relacionado aos mesmos fatores de risco das doenças do coração.
Sintomas
Cansaço aumentado, falta de ar, respiração curta, palpitações incômodas, dores no peito, dores nas pernas ao andar, inchaço no rosto e nas pernas, machucados que demoram a cicatrizar. Ao notar o aparecimento de algum desses sintomas, o melhor é procurar auxílio médico. “São sinais de que a pessoa pode possuir uma doença cardiovascular ou então conviver com fatores que podem desencadeá-la, como pressão alta ou diabetes”, explica o cardiologista. Em alguns casos, as doenças cardiovasculares não apresentam sintomas e podem levar décadas para se manifestar. Por isso, é importante prevenir-se, visitando o médico regularmente.
Fatores de risco
Colesterol alto – É assintomático e detectado somente através de exames de sangue. O excesso de colesterol é perigoso porque ele é depositado na parede das artérias, provocando a formação de placas gordurosas. Com o tempo, essas placas obstruem os vasos sanguíneos e impedem a circulação do sangue. Pode acarretar várias doenças, infarto, derrame e problemas de circulação.
Tabagismo – O cigarro contém cerca de quatro mil substâncias tóxicas para o organismo. Entre elas, estão o alcatrão e a nicotina, responsáveis pelo vício. O fumo provoca lesões na superfície dos vasos sanguíneos, favorecendo a entrada e o acúmulo do colesterol nas artérias coronárias. Está relacionado ao surgimento e complicação de todas as doenças cardiovasculares. Pode ainda provocar diversos tipos de câncer.
Pressão alta – Também chamada de hipertensão arterial. É um dos grandes vilões das doenças cardiovasculares, chamada de “assassino silencioso”, porque raramente provoca sintomas. A hipertensão caracteriza-se pelo bombeamento de sangue a uma pressão superior àquela encontrada na maioria das pessoas, de até 140/90 mmHg (milímetros de mercúrio, unidade usada para medir a pressão). Pessoas com pressão arterial acima de 140/90 mmHg correm mais risco de ter problemas no coração, cérebro e nos rins. A ação da pressão alta nos vasos sanguíneos é semelhante à do cigarro, isto é, provoca lesões e favorece o acúmulo de colesterol. A hipertensão afeta cerca de 20% da população brasileira e seus efeitos tendem a ser mais sérios em pessoas da raça negra.
Obesidade e sedentarismo – Pessoas com excesso de peso tendem a ter altas taxas de colesterol no sangue e predisposição a diabetes. Da mesma forma, quem não faz nenhuma atividade física corre mais risco de enfrentar problemas de pressão e colesterol altos. Além disso, os exercícios melhoram o condicionamento físico, a resistência, o humor e a qualidade de vida em geral.
História familiar – O aparecimento de doenças cardiovasculares tem um componente genético. Quem possui parentes de 1º grau (pais e/ou irmãos) que desenvolveram o problema antes dos 50 anos (no caso dos homens) e antes dos 60 anos (no caso das mulheres) tem mais chances de também sofrer do coração. “Os hormônios estrógeno e progesterona são uma proteção natural para o sistema cardiovascular feminino. Por isso, essas doenças tendem a se manifestar mais tarde nas mulheres”, explica o cardiologista Glauberson Queiroz de Carvalho, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Prevenção
A melhor forma de prevenir, ou adiar ao máximo, o surgimento de doenças cardiovasculares é levar uma vida saudável. Os cuidados começam com a alimentação, que deve privilegiar vegetais, gordura vegetal, cereais e frutas. Estudo apresentado no 23º Congresso da Sociedade Européia de Cardiologia, na Suécia, provou que o consumo exacerbado de carnes, gordura animal, derivados do leite, açúcar e cerveja leva a problemas cardiovasculares. Sal em excesso também é perigoso, especialmente para quem tem pressão alta. A boa alimentação pode evitar problemas de colesterol, pressão alta e obesidade.
Praticar exercícios físicos regulares é o segundo passo para cuidar da saúde do coração. A atividade física beneficia o controle da pressão arterial, do colesterol e também da glicose, além de ajudar a emagrecer. “Está comprovado cientificamente que as pessoas que fazem de vinte a trinta minutos de exercícios físicos diários vivem mais e melhor”, afirma o cardiologista. As atividades mais indicadas são as aeróbicas, como caminhadas, natação e ciclismo.
Manter distância do cigarro. Se você fuma e deseja parar, o mais indicado é buscar auxílio de especialistas. “Menos de 3% dos fumantes conseguem deixar o vício espontaneamente. E a maioria desses volta a fumar após seis meses de abstinência”, alerta o Dr. Glauberson. Hoje existem várias técnicas que ajudam a minimizar o desejo de acender o cigarro, como gomas de mascar, adesivos e remédios. Qualquer médico pode orientar no tratamento, mas é essencial ter força de vontade.
Além desses cuidados no dia-a-dia, todas as pessoas – mesmo as que se sentem absolutamente saudáveis – devem visitar o consultório médico com regularidade: uma vez por ano, por exemplo. Não se deve aguardar o aparecimento de problemas, pois colesterol alto e hipertensão são assintomáticos. A OMS recomenda que a medição do colesterol no sangue seja feita periodicamente, a partir dos 20 anos. Mas é bom lembrar que nem mesmo as crianças estão livres do problema.
Quem fuma, tem colesterol alto, hipertensão arterial, diabetes; é obeso ou sedentário; ou ainda têm pais e/ou irmãos com problemas cardiovasculares, deve ter atenção redobrada. Nesse grupo estão as pessoas que têm maior tendência a sofrer do coração.

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