Veja a incrível e fantástica entrevista do Magnata da Comunicação Silvio Santos .

 "NÃO TENHO SONHOS. AOS 83 ANOS, SEI QUE POSSO EMBARCAR A QUALQUER MOMENTO"
                       
                             Silvio Santos



Como é a rotina do senhor aqui em Orlando?Acordo por volta das 8h30, me visto e ando na máquina (esteira) por setenta minutos. Depois vou tomar banho e desço para o andar de baixo umas 11h30. Só então vou comer alguma coisa. Não tenho fome quando acordo. Aliás, não sinto fome. Eu nunca almoço. Também nunca fui de comer a cada três horas, como os médicos pedem. Eu e a Iris vamos ao mercado todos os dias e, à noite, vemos filmes ou seriados. Adoro o Netflix. Vi recentemente 54 capítulos de Breaking Bad, além de todos os de House of Cards e Orange Is the New Black. De filmes, assisti nesta semana a Miss Simpatia 2, com a Sandra Bullock, e outro com o Al Pacino cujo nome não lembro…Levo a vida mais comum e simples do mundo.
Também faz esteira em sua casa de São Paulo? Sim, mas eu estava com problema e tinha parado. Sofri uma batida aqui na perna direita que acabou originando um câncer de pele, então meu médico fez uma incisão. Não fiquei internado nem nada, fui até o consultório do doutor Miguel (Srougi), ele deu uma anestesia e tirou o tumor. Isso foi há três meses. Voltei a andar na esteira todo dia aqui em Orlando. Agora estou com outra ferida na mesma perna; não sei ainda o que é.
                     

Além dessa cirurgia na perna para tirar o câncer, o senhor passou por outra operação recentemente?No dia 4 de julho do ano passado, tirei a próstata. Ainda está pingando urina sem eu querer. Estou com raiva. Tenho de usar uma cueca especial que é um espetáculo. Não é fralda, tem um tecido que absorve o líquido. É comprada aqui nos Estados Unidos.
O senhor ainda tem vida sexual?A cirurgia não inibiu nada. Dá para ter.
O senhor toma remédio antes das relações?(Risos e interferência de Iris — “Você não vai responder a isso, né?) Não tomo. O meu remédio é a minha mulher.
E medicamento para dormir?Sim, tom o Stilnox todas as noites.
O senhor começou a trabalhar como camelô aos 14 anos e se transformou no maior comunicador do Brasil. Tem algum sonho que não conseguiu realizar?Não tenho sonhos. Quero continuar vivendo até quando der.Como sei que vou morrer, quero morrer sem ir para o hospital. Não chega a ser um sonho, mas uma coisa que desejo. Aos 83 anos, sei que posso embarcar a qualquer momento.
Tem algum arrependimento?Não me arrependo de nada. Eu posso dizer que não levei a vida, a vida é que me levou. Eu nunca fiz planos. Até virei candidato à Presidência da República (em 1989) sem premeditar. Cheguei a São Paulo em 1954, fiz rádio e televisão. Adoro trabalhar.
O senhor costuma rezar?Só rezo no dia do perdão judaico, o Yom Kippur. Vou à sinagoga uma vez por ano, portanto. Frequento a sinagoga dos judeus egípcios, nos Jardins. Não importa a religião, mas é importante se comunicar. Deus me deu muita sorte. Eu vou ser enterrado em campo hebreu. Meu pai falou e eu cumpro: rezo por ele todo dia do perdão. É uma incumbência que tenho do meu pai.

                  
O senhor consta no ranking de bilionários brasileiros e evita luxos, como viajar em primeira classe. Por quê?Eu não jogo dinheiro fora. As passagens de primeira classe são muito caras. Por que vou andar na primeira classe se ela é igual à executiva? Só andaria nessa categoria caso pudesse sair do avião por algum compartimento especial e me salvar se houvesse alguma pane. Muitos milionários brasileiros compram seus próprios jatos para não andar em voos comerciais...Não aceito avião nem de graça. Se alguém me der um de presente, eu recuso. É muito melhor desembarcar de um avião comercial e estar livre para fazer suas coisas. Eu tenho uma vida muito simples; então, por que complicar?
É verdade que o senhor lava a louça aqui em Orlando?Rarrai… Eu adoro lavar louça, ainda mais com os produtos extraordinários que existem nos Estados Unidos. Você coloca o sabão dentro do cabo de um limpador, o líquido chega até a bucha e aquilo lava que é uma beleza. Rarrraiii. Sai toda a gordura da panela. Depois eu coloco a louça na máquina, mas eu não confio só nela. Eu lavo a louça porque a Iris faz a comida. Assim ela não reclama que fico sem fazer nada. Somos uma boa dupla. Em São Paulo, não lavo louça. É outro esquema. Para eu chegar à cozinha da minha casa, tenho de andar mais de 30 metros.
Qual é o seu prato predileto?Filé-mignon com queijo. Mas eu como de tudo, principalmente doces. Eu adoro sobremesas e sorvetes. Um dia desses, a Iris fez batata assada com manteiga. Ficou uma delícia. Mas ela também cozinhou risoto de quinoa na mesma ocasião. Não gostei. Quinoa parece arroz de pobre. Quinoa… quem já ouviu falar nisso? Rarrai. Isso é arroz de pobre, arroz que não cresceu.

E a seção preferida no supermercado?Vou ao mercado todos os dias, geralmente ao Publix ou WalMart. Adoro supermercado. No Brasil, nunca entrei em um. Os brasileiros por aqui são educados comigo quando me encontram. Alguns ficam escondidos e pedem a algum amigo do grupo para tirar foto. Aí eu tiro o retrato e aparecem mais dez para fazer o mesmo. Quando posso, tiro foto com todos. Mas tem hora em que isso é impossível.
Também visita os famosos outlets da cidade?Gosto de comprar roupas no WalMart, nem sei onde fica Gucci ou Prada. Por esta bermuda mesmo (aponta para a bermuda azul-marinho que veste na ocasião), paguei 18 dólares. Comprei seis iguais em cores diferentes.
Vocês têm catorze cachorros. Por que apenas dois deles estão por aqui?Esses têm passaporte, são privilegiados. Um é o meu guarda costas,o Bolha (lhasa apso). Ele vai aonde eu vou. Já o Tito (poodle) é apaixonado pela Iris. Fica no pé dela o tempo todo. Eu até acho que esse cachorro é bicha, mas ele já teve cinco filhos.


O senhor é um grande consumidor de cosméticos?Nada, eu passo só desodorante. Sou alérgico a perfume e também a tinta de revista e de jornal. Eu leio, mas dou um espirro atrás do outro. No auditório mesmo, não posso chegar muito perto das mulheres porque o perfume estraga as cordas vocais.
Já fez quantas plásticas? Três. Em um ou dois anos, devo fazer outra. Mas Botox eu nunca apliquei.
Se o senhor tivesse 20 anos e recebesse uma herança de 500 000 reais, em que investiria? Iria abrir qualquer negócio cujo principal foco fosse vendas, afinal sou vendedor desde os 14 anos de idade.
Quem são os seus melhores amigos?O Jassa é quem mais tem contato comigo. Vou ao salão dele um dia sim, outro não. Só isso. Mas ele não viaja comigo, não vai à minha casa. Eu gosto do Jassa, o cabelo que ele faz em mim me modifica muito e é melhor do que cirurgia plástica.



Por quem o senhor sente admiração?Eu sou admirador do Pelé e do Roberto Carlos. Já pensei em fazer uma reportagem comigo, Pelé, Roberto e também o Lula. Somos as quatro pessoas mais populares do Brasil. O povo gosta de nós, independentemente do que façamos.
É verdade que sua filha Patricia está grávida? Está grávida, sim. Estamos muito contentes, foi a melhor surpresa dessas férias. Ela deve estar com mais ou menos dois meses de gestação. Aliás, o bebê foi feito aqui na Flórida.
O senhor sente ciúmes dos seus genros? Não, eu sentia ciúme era da Iris. Mas hoje não sinto mais. Rarraiii (sentada ao lado dele, a mulher não se aguenta: “Ele tem ciúmes até dos cachorros. Ele me monopoliza até hoje. Ele me absorve. Ele só não liga muito porque telefone para ele parece batata quente”.
O que o senhor acha da polícia americana, que quase prendeu a equipe de VEJA SÃO PAULO na tentativa de fazer uma reportagem com senhor? Raraiii Eu acho que o Brasil deveria ter uma polícia igual. Quando um guarda chegou aqui na porta da minha casa, achei que fosse para reclamar que os cachorros saíram correndo atrás de um vizinho. A turma que mora por aqui é sensacional, ajuda a cuidar da casa. Foram eles que chamaram a polícia por causa de vocês. Estranharam a presença de um carro diferente aqui no bairro. Os vizinhos não podem ver nada de errado que já ligam para a polícia. Mas sorte que não prenderam vocês. Raraiii!
Quando está em férias nos Estados Unidos, costuma ir aos parques da Disney? Faz tempo que eu não vou. Mas quando os netos estão por aqui, curtimos bastante. Eu já gostei mais dos parques. Quando minhas filhas eram pequenas, vínhamos três vezes por ano. Se alguém for conhecer o parque do Harry Potter, já aviso para se preparar porque soube que a fila dos brinquedos demora duas horas.

O senhor consegue se desligar totalmente do trabalho? Funcionários do SBT dizem que o senhor, mesmo estando nos Estados Unidos, não deixa de acompanhar a audiência minuto a minuto. Hoje não acompanho mais, mas já fiz isso bastante. Tenho os profissionais certos para determinadas funções. Atualmente, fico de olho naquele programa que não dá certo para ver se vou tirar do ar. Como nas minhas empresas, eu entrego tudo aos profissionais. No SBT são mais de 2 000 funcionários. No grupo, devo ter perto de 4 000 pessoas.
Como teve a ideia de entrar no mercado de cosméticos? Eu entrei no ramo pela quantidade de propagandas do segmento que eu via na TV quando vinha aos Estados Unidos. Daí eu abri uma fábrica, a Chanson. O objetivo era fazer uma venda tipo Avon, no esquema porta a porta. Só que contratei o executivo errado para tocar o negócio e, tempos depois, acabei vendendo a empresa para O Boticário. Mas nunca saiu da minha cabeça a vontade de ter uma empresa de cosméticos, então voltei a esse mercado anos depois com a Jequiti.
Como o senhor interfere na Jequiti? Quem escolhe as coisas da empresa é o presidente da companhia, o Lásaro do Carmo Junior. Ele começou a ir atrás de pessoas famosas para fazer os perfumes das estrelas. Estamos lançando agora o perfume desse rapazinho, o Justin Bieber. Entramos em contato com quem dirige as estrelas e elas ganham com a venda de cada produto. A Adriane Galisteu, sempre que fala comigo está satisfeita. Eles ganham uma porcentagem em cima de cada venda de produto. O senhor se acha um especialisa em classe C por vender produtos para esse segmento? Não. O meu programa é popular e atinge a classe C, mas não fico pensando em produtos apenas para esse grupo. Meu programa é feito para ser facilmente digerido por todo mundo.

O senhor ainda dirige o próprio carro? Sim, mas aqui nos Estados Unidos a Iris prefere dirigir. Ela diz que erro os caminhos. Digo que vou usar o GPS, mesmo assim ela não deixa.
Em uma entrevista antiga, o senhor dizia que gravava fitas com os cultos do pastor Edir Macedo para escutar no carro, enquanto dirigia no trânsito. Ainda faz isso? Não, no carro só escuto a Jovem Pan. O Edir Macedo me chama a atenção pela forma como fala. Esse novo empreendimento dele é uma grande ideia (o Templo de Salomão, em construção na Zona Leste). Vai ser um ponto turístico de São Paulo.
O senhor é amigo do Edir Macedo? Não. Mas eu li os três livros sobre ele, a biografia e os dois últimos. Acho que o Edir fez uma bela obra. Ele ajudou mesmo, tirou muita gente do álcool e das drogas. Pode ter defeitos, mas as qualidades dele são mais importantes.


Veja.com

Postar um comentário

0 Comentários