Acidente de moto mata uma pessoa a cada 32 horas
Foram 66 mortes registradas nos primeiros 90 dias do ano; número é 22,36% menor em relação ao mesmo período do anos passado.
Nathielle FerreiraFrancisco FrançaRisco de morte aumenta em virtude da ausência do capacete e do consumo de bebida alcoólica
A cada 32 horas uma pessoa perde a vida após se envolver em acidente de
moto na Paraíba. Foram 66 óbitos registrados apenas entre os primeiros
90 dias deste ano, que compreendem os meses de janeiro a março. O número
é 22,36% menor em relação aos 85 registros dessa natureza ocorridos no
mesmo período do ano passado. Os dados são do Sistema de Informação de
Mortalidade (SIM) da Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Em 2014, as principais vítimas possuíam entre 20 a 29 anos de idade. Das
66 mortes contabilizadas, 20 estavam nessa faixa etária. Outras 16
tinham de 30 a 39 anos; outras 15 já haviam passado dos 40, mas não
chegaram a completar 50 anos, enquanto que 5 possuíam mais de 60 anos de
vida. O SIM ainda apontou que nove pessoas foram a óbito antes de
completar 19 anos, em decorrência dos acidentes.
As mortes foram registradas em 43 cidades paraibanas. João Pessoa (6),
Santa Rita ( 4), Guarabira ( 3), Campina Grande (3), Bananeiras (3),
Solânea (3), Mamanguape (2), Sousa (2), São José da Lagoa Tapada (2) e
Araruna (2) foram as localidades que apresentaram as maiores quantidades
de vítimas.
Segundo o médico e diretor técnico do Hospital de Emergência e Trauma de
João Pessoa, Edvan Benevides, o principal motivo de morte em acidentes
envolvendo esses veículos são os traumatismos cranianos.
“Na maioria das ocorrências envolvendo motociclista, o traumatismo é
grave, porque o veículo vem em velocidade e para de forma inesperada. O
corpo é lançado para fora da moto e o impacto é todo na cabeça. Além
disso, ocorrem fraturas de apenas um membro ou de várias partes do
corpo”, afirmou
De acordo com o especialista, o risco de morte aumenta em virtude da
ausência do capacete e do consumo de bebida alcoólica. “80% das vítimas
que não ingerem bebida alcoólica e que usam capacete recebem alta nas
primeiras 12 horas após o atendimento. Já o paciente que não usa
capacete e que ingere álcool tem 80% de chance de morrer nas 12
primeiras horas”, declarou.
No Hospital de Trauma, os acidentes de moto representam cerca de 33% dos
atendimentos. Das quase seis mil pessoas socorridas por mês na
instituição, duas mil são vítimas de motocicletas.
IMPRUDÊNCIA
Para o pesquisador Luiz Carlos André, que atua na área há mais de 17
anos, os números são reflexos da imprudência. Ele é presidente da
'Educar para o Trânsito é Educar para a Vida', uma organização não
governamental que atua em defesa da segurança no tráfego.
“Nossos condutores não são educados para respeitar leis, regras de
convivência. Por isso, vemos essa violência toda. O motociclista tem a
sensação de que é imortal, isso leva a não usar capacete. As campanhas
educativas e de fiscalização são poucas e não são feitas como manda o
Código de Trânsito”.
Ele afirma que ainda falta estrutura nas ruas. “Trânsito seguro é
direito das pessoas, mas isso exige engenharia, estrutura e educação e
fiscalização. Só que a gente não vê isso. As ruas não são preparadas
para acomodar o tamanho da frota. Falta fiscalização, o que incentiva o
descumprimento das regras de segurança. Muitos motoqueiros não usam
capacetes, porque não são fiscalizados”, observou.
Para Luiz Carlos, os órgãos de trânsito devem realizar fiscalização de
forma contínua. “Se os condutores soubessem que serão fiscalizados, com
certeza, vão ficar mais atentos às normas de segurança ”, afirmou.
Jornal da Paraiba
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