Polícia Civil para hoje e PM faz protesto amanhã


 
Com a paralisação dos policiais, as delegacias deverão ter um funcionamento mínimo, apenas com 30% do efetivo
Os policiais civis da Paraíba em adesão a mobilização nacional param as atividades hoje entre as 8h e as 17h, conforme informações do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil do Estado da Paraíba (SSPCPB).
O presidente da entidade, Antônio Erivaldo Henriques, estima que 70% da categoria, o que corresponde a pelo menos 1,3 mil policiais civis, vai cruzar os braços. Segundo ele, as delegacias vão ficar abertas, mas só vão ser registrados casos de flagrantes. Amanhã será a vez da Polícia Militar realizar um protesto e dar início à mobilização da categoria.
Para o presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil, os policiais querem um novo modelo de segurança pública e melhores condições de trabalho. “Queremos a valorização do policial, que as delegacias tenham ambientes mais dignos não só para os policiais, mas também para a sociedade. Tem delegacia do nosso Estado que não tem nem um computador, nem um telefone sequer. Somos uma polícia dependente”, pontuou.
Ainda de acordo com Antônio Erivaldo, na Paraíba, apenas 1.835 policiais civis estão na ativa e são responsáveis pela cobertura de todo o Estado, um número que, segundo ele, é insuficiente. “É um número irrisório e que apenas seria suficiente para atender a região metropolitana de João Pessoa”, comentou.
O presidente do sindicato explicou que a paralisação foi convocada pelas entidades nacionais e a Paraíba, além de outras 12 unidades da federação, aderiu ao movimento. “É uma mobilização no intuito de dialogar com os poderes públicos”, declarou.
Com a paralisação dos policiais, as delegacias deverão ter um funcionamento mínimo, apenas com 30% do efetivo. Segundo o sindicalista, nenhuma diligência, nem investigações, boletim de ocorrência serão atendidos nas delegacias. “Nenhum brasileiro poderá ser preso amanhã se não for em flagrante”, alertou.
No entanto, a Associação dos Policiais Civis de Carreira da Paraíba (Aspol-PB), entidade que também representa os policiais civis no Estado, especificamente, as funções de agentes de investigação, escrivão e motoristas policiais, diverge quanto à redução de atividades nas delegacias. Segundo o vice-presidente da associação, Júlio Cesar Cruz, as delegacias funcionarão em regime de plantão, atendendo a todas as ocorrências que chegarem. Contudo, alerta que “a categoria está com os ânimos acirrados e pode chegar a deflagrar uma greve no Estado caso não haja negociações”.
A Aspol confirma ainda a existência de déficit de policiais civis, neste caso a situação seria bem mais alarmante do que a apresentada pelo sindicato. “Nós temos aproximadamente 1.500 policiais e uma lei de 2008 determina que o número ideal seria de 9.131, números completamente díspares. Isso reflete a falta de olhar para a segurança do Estado que, hoje, está sendo tratada como detalhe”, alfinetou Cruz.
A reportagem tentou entrar em contato com o secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social, porém ele passou a manhã em reuniões e não pôde atender às ligações. A assessoria de imprensa da Secretaria informou que não recebeu comunicado oficial sobre a paralisação e, por isso, não pôde emitir nenhum pronunciamento sobre o assunto.
NAS RUAS
Nas ruas de João Pessoa, a paralisação dos policiais civis já preocupava a população, temerosa também que os policiais militares pudessem aderir ao movimento ou por desconhecer a atuação de cada uma. Contudo a Civil concentra-se nas delegacias e nas investigações criminais. Já a Militar tem uma ação mais ostensiva de policiamento.
PARALISAÇÃO TAMBÉM NO INTERIOR
Em Campina Grande e outras cidades do interior, como em Patos e Cajazeiras, no Sertão do Estado, os policiais civis também irão aderir à paralisação, mas não há ato público programado para hoje nos municípios, de acordo com o vice-presidente da Associação dos Policiais Civis de Carreira da Paraíba (Aspol), Júlia César Cruz. Agentes poderão se dirigir a João Pessoa, para participar do ato público que será realizado na frente do Palácio da Redenção, na capital.
Segundo Cruz, cerca de 70 policiais devem seguir de Campina Grande até João Pessoa para participar da mobilização. “Em todos os municípios as delegacias distritais não irão funcionar, apenas os plantões centralizados, localizados em cada regional”, afirmou. Ele acrescentou que “a pauta é comum em todos os estados onde haverá paralisação e inclui o subsídio, porque em torno de 60% do salário é de gratificação, a paridade dos inativos com os ativos e a contratação dos concursados da polícia civil. O baixo número de profissionais reflete no baixo índice de solução de crimes, sobretudo os crimes patrimoniais e os crimes violentos contra a pessoa. Aqui em Campina, são apenas 10 policiais na Delegacia de Roubos e Furtos pra atender a cidade e dezenas de outros municípios. Deveriam ser pelo menos 35”, afirmou.
POLICIAIS FEDERAIS E RODOVIÁRIOS PARAM
Além dos policiais civis, os policiais federais e rodoviários também paralisarão suas atividades hoje a nível nacional, porém os sindicatos das classes na Paraíba garantiram que o movimento não interferirá no trabalho dos policiais no Estado.
Segundo o vice-presidente do Sindicato dos Policiais Federais da Paraíba, José Caldas Júnior, a classe não irá paralisar as atividades aqui, porém, em adesão à mobilização nacional, acontecerá uma assembleia geral com a categoria para discutir as propostas enviadas pelo governo para a federação nacional representativa da classe.
Já de acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais da Paraíba, José Pereira Dantas, apesar da mobilização nacional, no Estado não haverá nenhuma reivindicação e os trabalhos nas rodovias ocorrerão normalmente.
Com relação à Polícia Federal (PF), o representante do Sindicato dos Policiais Federais no Estado da Paraíba (Sinpef-PB) em Campina, Idelfonso Bonfim, enfatizou que não haverá paralisação na cidade, assim como em Patos, onde existem delegacias da PF além de João Pessoa. “O que está programado é a Assembleia Geral Extraordinária, que será realizada em frente ao prédio da Superintendência da PF, em Cabedelo, para discutir o acordo proposto pelo governo federal.
Estamos há oito anos sem aumento. A situação não pode continuar assim. Aqueles policiais federais que desejarem, poderão se deslocar até a capital, para participar da assembleia ”disse. (Colaborou Luzia Santos)

Postar um comentário

0 Comentários