O caso de três garotas de
Bertioga, no Litoral, internadas após receber a segunda dose da vacina
contra o HPV (Papilomavírus Humano), assustou o público adolescente
feminino. No dia 4, as meninas deram entrada no pronto-socorro da cidade
queixando-se, principalmente, de falta de sensibilidade nas pernas, o
que dificultava o caminhar. Duas receberam alta na quarta-feira e uma
encontra-se em observação por sentir dores de cabeça. As jovens foram
imunizadas em uma escola pública, onde outras oito meninas também
passaram mal depois da ação.
Com a repercussão do fato, garotas entre 11 e 13 anos que
precisam tomar novamente a vacina (a primeira dose foi aplicada em
março) estão receosas. É o caso de Andressa Mota Simões, 13, moradora de
Mauá. “Quando tomei a primeira, fiquei com muita dor de cabeça e no
braço. Vi muitas meninas chorando e me assustou, então, fiquei tensa.
Não pretendo tomar a segunda dose porque, além desses sintomas que tive,
esse caso de Bertioga me assustou mais ainda.”
Para a mãe, Josi Simões, 33, o fato ocorrido no Litoral não
despertou receio, mas ela acha que a vacina deveria ser aplicada mais
adiante. “Entendo que ajuda na prevenção do câncer, mas haverá tempo
para isso quando ela for mais velha.”
A tensão que Andressa vivenciou pode ser justamente a explicação
para o que aconteceu em Bertioga. “Chamamos de reação de ansiedade após
imunização, motivada por medo da dor que uma injeção pode causar”,
explica a diretora técnica da divisão de imunização da Secretaria de
Saúde do Estado, Helena Sato, que destaca: “É fundamental que a vacina
seja aplicada nessa faixa etária, pois os títulos de anticorpos são
maiores do que em idade mais avançada.”
O HPV é o principal causador de câncer de colo do útero. A
presidente da Comissão de Revisão de Calendários da Sociedade Brasileira
de Imunizações, Isabella Ballalai, ressalta a importância e a segurança
da vacina. “São mais de 180 milhões de doses aplicadas no mundo todo
desde 2006. Coincidências acontecem e devem ser investigadas, mas,
felizmente, a vacina contra o HPV se mantém segura e é recomendada para
as nossas meninas.”
As secretarias de Saúde do Grande ABC esperam que os esforços de
conscientização para a necessidade de complementar a imunização sejam
positivos para o alcance da meta. Na primeira etapa da vacinação, do
total de 62.209 adolescentes da região, 56.370 foram imunizadas. Até
ontem, 2.603 meninas haviam tomado a segunda dose em Santo André e 1.916
em São Bernardo. Do dia 1º à quinta-feira, 116 injeções foram aplicadas
em Ribeirão Pires.
Na cidade de Mauá, foram contabilizadas, até o dia 5, 104 garotas
imunizadas e em Diadema, 787 (até o dia 10 de setembro). São Caetano
começará a aplicação nas escolas na próxima semana e Rio Grande da Serra
não enviou os dados.
As adolescentes deverão tomar ainda a terceira dose da vacina, cinco anos após a primeira.
Diário do Grande ABC
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