A Paraíba teve o maior custo médio na construção civil da região Nordeste em outubro de 2014, com um custo de R$ 951,60 por metro quadrado. Esse valor não considera a desoneração da folha de pagamento de empresas do setor da construção civil prevista na lei 12.844, de 19 de julho de 2013. Os dados são do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), divulgado nesta sexta-feira (07/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice Nacional da Construção Civil (INCC), calculado pelo IBGE em parceria com a Caixa Econômica Federal, apresentou variação de 0,62% na Paraíba em outubro. A taxa foi a maior do Nordeste, ficando inclusive acima da média da região e do país. O INCC no estado situou-se, de janeiro a outubro, em 7,15% (também o maior do Nordeste) e, nos últimos 12 meses, em 7,04%.
Quando se considerada a desoneração da folha de pagamento, o custo médio ficou em R$ 894,63 por metro quadrado. O acumulado no ano ficou em 7,07%, nos últimos doze meses em 6,95% e o INCC no mês de outubro em 0,66%.
O empresário paraibano Irenaldo Quintans, que é vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), considera esses dados “absolutamente negativos” para a Paraíba. “Significa que está sendo muito caro construir. E não é do interesse de ninguém que o consumidor compre menos, então o setor não está repassando para o consumidor todo esse crescimento”, explicou.
“O empresário reduz a margem de lucro perigosamente. Fica trocando seis por meia dúzia. A população pensa que margem de lucro é muito grande porque os preços são elevados, mas grande parte é consumida com o custo. Isso sem falar nos terrenos, que não estão na conta e oneram muito o custo final”, disse Quintans.
O cálculo do IBGE considera apenas despesas com materiais e salários e não abrange outros custos a exemplo de execução dos projetos, licenças, certidões, ligações de água, energia e esgoto, máquinas e equipamentos e compra de terreno.
Para Quintans, esse custo alto é um fator desestimulante para o setor da construção civil. “É muito ruim para a indústria da construção civil, que tanto contribui para a economia da Paraíba. E esse aumento é progressivo, tem se tornado recorrente. Por isso muita gente tem desistido do setor”, declarou.
Causas e soluções
Irenaldo Quintans atribui o crescimento do custo na construção civil a três fatores: o crescimento do preço da mão-de-obra, o encarecimento dos fretes e a alta tributação. “Nos últimos anos, os trabalhadores tiveram reajustes muito acima da inflação. Esse custo com a mão-de-obra seria muito justo se ele fosse todo para a mão do trabalhador, mas uma gorda parte disso vai para o governo”, comentou.
Para reduzir esses custos, ele sugere a redução tributária e o incentivo no processo de industrialização da Paraíba. “Recorremos a outros estados para comprar material e, por isso, o frete fica caro. E isso tende a se agravar com o aumento do preço dos combustíveis. Apesar de termos a instalação de fábricas de cimentos importantes e também de cerâmica, elas são insuficientes”, declarou Quintans. “O somatório disso faz com que fique cada vez mais caro construir. No final das contas, o setor consegue aguentar durante um determinado período, mas uma hora o custo vai ter que ser repassado para o consumidor”, arrematou.
Fonte: G1PB
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