Em mais uma medida para conter a crise no setor elétrico, o governo federal deve elevar o valor arrecadado por meio do sistema de bandeiras tarifárias, que entrou em vigor em 1º de janeiro e, desde então, já vem gerando nas contas de luz um acréscimo de R$ 3 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos.
Evitar os juros
Os recursos arrecadados por meio das bandeiras servem hoje para pagar exclusivamente o combustível usado por termelétricas contratadas pelas distribuidoras. Antes, as distribuidoras pagavam essa conta no primeiro momento mas, depois, eram ressarcidas, com valores corrigidos.
A ideia é evitar novos empréstimos, sobre os quais incidem juros, que também serão pagos pelos consumidores. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), os R$ 17,8 bilhões tomados no ano passado vão custar à população R$ 26,6 bilhões, contribuindo para encarecer as contas de luz.
Na quinta (29), porém, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, revelou que negocia a redução dos juros sobre esses empréstimos e também o aumento do prazo de repasse às contas de luz, que seria estendido até 2018.
O governo também tem estudado medidas de estímulo à eficiência no consumo de energia. Braga afirmou nesta sexta-feira, que haverá um prêmio para quem economizar. “Nós estamos analisando não a nível de incentivo fiscal, alguma forma de premiar a eficiência energética”, disse após participar de reunião na sede do Operador Nacional do Sistema (ONS), no Rio.
Exposição
A compra pelas distribuidoras de energia no mercado à vista, onde ela é mais cara, foi o principal gasto bancado pelos empréstimos no ano passado. Mas, em 2015, o aumento das bendeiras tarifárias deve ser a principal fonte de recursos.
Quando não têm toda a energia que precisam para atender seus consumidores, as distribuidoras recorrem ao mercado à vista. No ano passado, porém, o preço da eletricidade ali disparou, devido ao esvaziamento dos reservatórios, gerando uma conta bilionária.
Neste ano essa fatura será bem menor, pois a Aneel aprovou a redução, pela metade, no valor máximo que pode ser cobrado pela energia no mercado à vista, de R$ 822,83 para R$ 388,48 por megawatt-hora (MWh).
Repasse menor
Assim, se todos os recursos necessários forem arrecadados até meados de 2015, por exemplo, a Aneel pode, de imediato, mudar a cor da bandeira e, no mês seguinte, o acréscimo nas contas de luz diminui ou mesmo é suspenso.
Outra opção para levantar recursos, as revisões tarifárias extraordinárias obrigam o consumidor a arcar com os custos por pelo menos 12 meses, ao final dos quais a distribuidora pode ser obrigada a devolver dinheiro arrecadado a mais.
Esse aumento das bandeiras tarifárias, porém, não será suficiente para evitar um reajuste extraordinário das tarifas este ano, já anunciado pelo governo. Isso quer dizer, portanto, que os consumidores terão dois reajustes nas contas de luz em 2015.
Com G1
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