Após mortes de traficantes, FDN decreta luto em unidades prisionais de Manaus

Os assassinatos do traficante de drogas Carlos César Libório de Araújo, 38, o “Cubiu” e do motorista dele, Eduardo Melo Benfica, 33, ocorridos na tarde de 11 de abril, no bairro Santo Antônio, Zona Oeste, levaram o comando da facção criminosa Família do Norte (FDN) a decretar luto de três dias em todas as unidades prisionais de Manaus.
Nesse período, os internos foram proibidos de fumar maconha, cheirar cocaína, beber bebidas alcoólicas e fazer sexo, mesmo no final de semana, dia de visita íntima para os presos. Até músicas foram restritas: os presos só podiam ouvir música gospel durante o período de luto.
Familiares dos presos que foram visitá-los durante o fim de semana estranharam o silêncio que tomava conta das unidades prisionais, uma vez que, normalmente, dias de visita são bastante animados e movimentados nos presídos, com festas e comemorações de aniversários com os familiares.
O luto imposto pela FDN aos demais detentos foi confirmado pelos órgãos de Segurança Pública do Estado, que acompanham a movimentação nas prisões da capital. Segundo informações de fontes de A CRÍTICA, a medida foi adotada pela facção em “respeito” à morte de Cubiu, que exercia a função de tesoureiro na facção criminosa.
Investigações
O assassinato de Cubiu está sendo considerado de difícil solução pela polícia. Até agora, ainda não há pistas que levem aos suspeitos pelo homicídio. No local do crime não havia câmeras de segurança e, segundo a polícia, os criminosos estavam encapuzados.
Cubiu era conhecido como “empresário do tráfico” e tinha um papel importante dentro da FDN. Segundo as investigações, era ele quem comprava a droga, diretamente dos produtores, no Peru e na Colômbia, trazia para Manaus e revendia.
Ele também era o responsável pelas negociações da facção, como a compra e venda de droga por meio de consórcios, e ainda cuidava de toda movimentação financeira do grupo.
Mas fontes de A CRÍTICA revelaram que não é apenas a polícia que está investigando o assassinato. O comando da FDN está tentando descobrir se Cubiu foi morto pela polícia ou por pessoas que tinham dívidas com ele. No local do crime, policiais da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS) recolheram uma caderneta onde constavam anotações de valores de dívidas que ele tinha para receber.
Ameaças
Ainda por conta da morte de Cubiu, o comando da FDN, conforme documento emitido pela Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai), declarou que policiais seriam alvos de atentados.
De acordo com as informações, a FDN pretende atacar policiais, viaturas, delegacias e residências com tiros e explosivos. Diante da ameaça, a orientação da Seai foi para os policiais tomem cuidados redobrados e evitem lugares públicos em dias de folga, tomem cuidado com os armamentos e que, durante o tempo que estivessem nos plantões, permanecessem armados e procurassem andar sempre em grupos.
Relembre o caso
Eduardo Melo Benfica, 33, e Carlos César Libório de Araújo, 37, o “Cubiu”, foram executados com vários tiros por homens encapuzados que usavam luvas. Na ocasião, uma mulher levou um tiro de raspão na perna, mas conseguiu fugir. Os assassinos usaram pistolas calibre. 40, de uso restrito das polícias Civil e Militar.
Eduardo foi morto quando tentava sair do carro modelo S10, de cor prata e placas OAJ-3794. Ele estava em frente à academia World Fitness, na Compensa, Zona Oeste. De acordo com testemunhas, Eduardo estava sendo perseguido por um carro modelo Voyage, de cor preta, uma moto e um outro carro amarelo, de modelo não identificado.
Já Cubiu ainda tentou fugir e se esconder, mas foi encontrado e morto pelos assassinos dentro de um estabelecimento chamado Açougue dos Amigos, na rua Arthur Reis, próximo à avenida Brasil.
JORNAL A CRÍTICA

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